domingo, 21 de março de 2010

Poder Ser e Sentir


Eu procurei alguém no msn pra falar sobre chorar. Não havia ninguém lá que eu pudesse falar disso, então vim para cá. Abri a pasta de músicas que a minha prima deixou no notebook. Achei as músicas de Maria Gadú, devem servir para acompanhar um momento tão passional como esse. “Shimbalaiê, shimbalaiê...” – e dizer que ela fez essa música com menos de 15 anos. Talvez eu goste da música por passar na Globo, mas qual o problema? A Globo me fez chorar hoje.

O mundo devia chorar mais. Explico.

Quando choramos, parece que algo original vem à tona de nosso corpo e vem de forma tão rápida e intensa que a gente não consegue segurar e o algo acaba transbordando pelos olhos. Se chorar traz o que mais de puro existe em mim, eu quero chorar muitas vezes ainda. Eu gosto desse choro, gosto do choro de pura emoção. Essa tradução de sentimentos extraordinariamente e puramente física. Nenhum som emitimos, nenhuma palavra proferimos. Choramos, e apenas isso. É uma sensação muito estranha que toma o nosso corpo toda vez que vertemos algumas gotas pelos olhos.

O mundo precisa chorar mais pra lembrar que existe um ser humano totalmente sensível e vulnerável por debaixo das carapaças que nos obrigamos a vestir para viver, conviver, debater... Ao chorar nos igualamos, pois ninguém chora diferente do outro. Podemos chorar por motivos diferentes, mas o choro é um instinto original, intrínseco ao homem – e à mulher.

Eu chorei hoje depois que o Pedro Bial disse aquele famoso texto pré-eliminação, e ele o fez de forma extraordinária. Comparando os participantes à Peter Pan e Dorothy do Mágico de Oz, trouxe mensagem de que é bom viver, é bom querer viver intensamente, é bom não querer se esconder, inclusive pelo motivo dos protagonistas do paredão serem gays. Pedro Bial ainda traduziu um grande trecho da música “Somewhere Over the Rainbow”, fazendo referência novamente ao mundo homossexual, mas de uma forma brilhantemente sutil e bonita, muito bonita. Muitos acham piegas, de certa forma até é, mas dependendo de como tu recebes a mensagem, consegues traduzir e transformar para algo que o faça crescer. Acho que Pedro Bial percebe esse motivo, e por isso continua com suas declarações deslocadas para o mundo televisivo.

Depois de chorar ouvindo as palavras do apresentador eu fiquei me perguntado: “Por quê eu tô chorando assim?”, e percebi que não se precisa de um motivo maior pra chorar. Se algo vai lá no fundo do seu coração e faz aquela emoção vir de forma tão intensa que chega a transbordar – como eu disse no início – você vai chorar. É bom, nos leva à reflexão, nos faz querer bem, nos torna mais humanos por si só.

O problema é que muitas pessoas ficam reprimindo esses instintos naturais – principalmente os homens. A minha mensagem é que não façam isso, não o façam! Você se torna uma pessoa mais infeliz quando não consegue mais se emocionar. Por mais bobo que seja o motivo, chore, chore, chore. Sentirá que algo bom e reconfortante aparece depois do fim do choro. Sentirás, por fim, que podes ser feliz com as coisas mais simples do mundo, como chorar.

domingo, 29 de novembro de 2009

80 reais.

Eu pedira de presente o livro que acabara de sair da gráfica.

Ele riu com desdenho e duvidou mesmo que eu estivesse pedindo aquilo.
Continuei olhando e ele então falou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo:

- Custou 80 reais cada um!

Sorri de volta sem graça e me fui.

Diz-se que cada um tem seu preço.
Pois então eu entendi que o meu é algo entre 0 e 79.

Não sou artigo de luxo.